Inovação em Tempos de Pandemia | Copagaz
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7 de agosto de 2020
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Inovação em tempos de pandemia

Foto e citação do Antonio Carlos Turqueto
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O Brasil é mesmo um país singular, que poderia melhor aproveitar suas potencialidades em áreas essenciais como o setor de GLP (gás liquefeito de petróleo).

Somos uma das nações com a mais variada matriz energética do planeta, mas com restrições de uso em diversas fontes e regulações defasadas que causam ao país custos mais elevados de produção, inibindo a criação de novos produtos e mercados.

Desde os anos 1990 que o GLP não pode ser usado para alimentar motores estacionários, geradores ou aquecimento de piscinas, entre outras, pois na época foi preciso diminuir a demanda de importação por causa da Guerra do Golfo.

Atualmente, o petróleo e seus derivados têm cotações muito baixas, mas as restrições de uso continuam mantendo o setor na contramão de outros países. Segundo a WLPGA, organização global que representa o setor, no Brasil 95% das 7,3 milhões de toneladas de GLP consumidas ao ano vão para uso residencial, contra 44% na média mundial; ou seja, temos potencial para dobrar de tamanho, porque além do consumo em diversos outros segmentos será preciso aumentar toda a infraestrutura logística.

Isto representa muito para um setor que já está presente em 100% dos municípios brasileiros, abastece 98,2% das famílias, que moram em 70 milhões de residências, gerando R$ 5,8 bilhões de arrecadação em impostos, de acordo com dados de 2019 do Sindigás/ANP.

Nos próximos meses, a ANP vai analisar uma proposta para simplificar a regulamentação do setor, o que abriria o mercado para uma participação maior de empresas importadoras e fabricantes de equipamentos movidos a GLP.

O agronegócio brasileiro, cujo tamanho dispensa comentários, também será beneficiado, se puder utilizar o GLP para alimentar trituradores, bombas d’água, motores estacionários ou até em substituição a agroquímicos no combate a ervas daninhas, como acontece nos EUA.

A mobilidade que botijões e tanques oferecem, transforma o GLP em fonte de energia portátil, conferindo outras aplicações do gás na indústria e no comércio, tanto como fonte de energia quanto para impulsionar a criação de novas tecnologias.

Mas, para que tudo aconteça, serão necessários estudos e pesquisas, que já começaram a ser feitos em meio a uma ação de enfrentamento ao covid-19. A eficiência energética do GLP em outras aplicações, como para gerar energia, será medida por pesquisadores do laboratório de inovação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, UFMS.

Após todos os dados obtidos, eficiência energética, consumo do gás e custos financeiros, por exemplo, serem testados e validados pelo departamento de inovação da UFMS, servirão como base técnica para que a ANP reavalie a  importância da portaria.

Diante da pandemia, a universidade precisou montar uma estrutura temporária para a higienização dos profissionais de saúde do hospital universitário, que atendem vítimas de covid-19 no estado. Nos novos espaços, a equipe técnica da Copagaz, em parceria com o grupo italiano Cavagna, testaram equipamentos que fornecem energia elétrica a partir do GLP, geração de energia para as bombas de pressurização dos chuveiros, acionamento do aquecedor de água, iluminação e ventilação dos containers, iluminação externa do pátio, além de  outros 2 geradores movidos a gás de capacidade distintas como fonte de energia secundária e lavadores de alta pressão alimentada pelo gás.

Todas essas inovações só puderam ser viabilizadas porque a ANP concedeu uma autorização excepcional para Copagaz, com o uso do GLP importado da Bolívia, para uso do gás na geração de energia e acionamento de motores, entendendo que além do gesto humanitário, estaria incentivando o conhecimento científico que será importante para o futuro do setor no país.

*Antonio Carlos Turqueto é presidente da Copagaz.